quinta-feira, 28 de abril de 2011

Alarme

Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia durante uma década, escrevia que rejeitava uma Europa que fosse apenas um mercado, uma zona de livre troca, sem alma, sem consciência, sem vontade política, sem dimensão social.
 Se fosse essa a direcção tomada, lançaria um grito de alarme. Não sei se Delors fez ecoar o tal grito de alarme, mas certamente que a Europa caminhou a passos largos na direcção que o presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 receava. Caminhou a Europa como um todo, caminharam os países, uns mais que outros.
A falta de líderes nacionais carismáticos e por arrasto na Europa Comunitária, a incapacidade, talvez até mais a submissão dos governos ao poder financeiro que adquiriu nesta década mais do que anteriormente, uma estirpe especulativa para a qual tem contribuído em especial uma Alemanha que não perde os tiques hegemónicos de má memória; podem ser apontadas como algumas das causas mais profundas para os tempos que vivemos.
Há novas realidades que não devemos ignorar: o mercado de trabalho, as regalias sociais, que foram duramente conquistadas e que agora estão a esvair-se por entre os dedos - porque se diz que os tempos mudaram, sem explicar porque mudaram e quem os fez mudar - estão numa profunda mutação e nada será como antes. O caso de Portugal é por isso paradigmático. É que já nem sequer estamos a caminho daquele modelo da Europa que Delors renegava. Como país já lá chegámos, apesar dos gritos de alarme que se ouviram durante o percurso

Primeiro Mundo

Um dos indicadores de uma sociedade mais justa é a maneira como trata os menos favorecidos. Reconhecemos sem grande dificuldade que tal indicador continua a ser hoje, apesar dos muitos avanços civilizacionais, cada vez mais difícil de atingir contrariando algumas expectativas que apontavam nesse sentido á poucas décadas atrás. Se quisermos colocar as coisas ao nível da pobreza - não da mendicidade ou da indigência - constatamos que ser pobre no terceiro mundo é completamente diferente, desde logo devido á disparidade económica e histórica, que ser pobre nas sociedades ocidentais.
Os problemas que afectam os pobres do terceiro mundo estão interligados com a necessidade de sobrevivência: ter água, alimentos e acesso a cuidados básicos de saúde.A guerra, a corrupção ou desastres naturais contribuem para agravar a situação.

A pobreza no “nosso primeiro mundo” é relativa e passa muito pelas comodidades da vida. Não ter telemóvel, carro computador ou outros “i tecnológicos”; não ir a restaurantes, não fazer férias fora de portas ou estar-se privado de outros hábitos mundanos, são sinais relativos de uma pobreza específica na nossa sociedade e até de exclusão social.
Alguns pensadores contemporâneos afirmam que é através da posse de coisas que interpretamos e conferimos coesão ás sociedades do “primeiro mundo”.